Eliminação de Turnus Erdonio

Território Latino, c. 525 a.C.

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Para que o apoio estrangeiro lhe desse maior segurança interna, Tarquínio, o Soberbo, cultivou relações com a aristocracia latina. Quando já ostentava posição de influência entre os líderes latinos, decidiu convocá-los a uma reunião, alegando que precisava discutir problemas de interesse comum. Todos compareceram no horário combinado, mas o próprio Tarquínio só apareceu naquele dia pouco antes do pôr do sol.

Durante todo o dia, um certo Turnus Erdonio, que estava entre os presentes, atacou diante de todos a reputação de Tarquínio. Acusou-o de zombar do povo latino ao forçá-los a vir de tão longe e depois faltar à reunião que ele próprio havia convocado. Disse que esta era típica arrogância de quem exercia poder tirânico e não respeitava seus aliados.

Quando Tarquínio finalmente chegou, desculpou-se com a justificativa de que fora escolhido como árbitro de uma disputa entre pai e filho, e que demorara por desejo de reconciliar os litigantes. Como o dia já se acabara, adiou a reunião para a manhã seguinte. Turnus, insatisfeito, replicou com agressividade, dizendo que nada era mais fácil do que resolver uma disputa entre pai e filho: ou o filho obedece o pai, ou pior para ele. Com esse insulto, virou as costas e deixou a assembleia.

Tarquínio sofreu a ofensa mais do que demonstrava. Passou imediatamente a procurar meios de remover Turnus do caminho, de forma a inspirar nos latinos o mesmo terror com o qual havia oprimido seus súditos romanos. Arquitetou então estratagema sinistro.

Conseguiu corromper um escravo de Turnus para introduzir secretamente grande quantidade de armas na casa do dono durante aquela noite. Com tudo preparado, Tarquínio, pouco antes do amanhecer, convocou os líderes latinos em sua presença. Fingindo ter recebido notícias alarmantes, disse que o atraso do dia anterior havia sido providencial. Soubera que Turnus planejava eliminá-lo e aos líderes mais proeminentes do povo latino para se apoderar do poder absoluto — o que explicava também a agressividade de Turnus a respeito do atraso, que havia frustrado suas expectativas de executar o plano naquela mesma noite.

A história parecia plausível, mas carecia de evidências. Foram então até a casa de Turnus, acordaram-no e mantiveram-no sob vigilância. Quando começaram a vasculhar a residência, retiraram de todos os cantos espadas escondidas, precisamente onde o escravo corrupto as colocara. Diante das provas aparentemente irrefutáveis, Turnus foi acorrentado. Sem sequer poder defender sua causa ou denunciar a farsa, os próprios latinos, convencidos de sua culpa, fizeram-no afogar-se na nascente Ferrentina com uma grade coberta de pedras sobre a cabeça.

Em seguida, Tarquínio reuniu-se novamente com todos os latinos, elogiando-os pela firmeza com que infligiram a Turnus a punição adequada a um traidor. Afirmou então poder basear-se em direito muito antigo para sustentar que todos os latinos, sendo originários de Alba Longa, estavam sujeitos às cláusulas daquele tratado dos tempos de Tullo Hostilium, pelo qual toda a nação albana e suas colônias haviam sido anexadas a Roma. Tarquínio queria convencê-los de que renovar aquele tratado traria grande vantagem a ambos, visto que os latinos participariam dos sucessos do povo romano.

Como os líderes latinos estavam do lado do rei — e logo antes Turnus havia demonstrado àquele povo o que poderia acontecer a quem se opusesse —, os latinos ficaram persuadidos. O tratado foi renovado, submetendo definitivamente os povos latinos à autoridade romana através do terror e da manipulação.