c. 565 a.C. – 535 a.C.
Turnus Erdonio foi um dos mais proeminentes líderes da aristocracia latina no século VI a.C., período em que Tarquínio, o Soberbo consolidava sua influência sobre os povos do Lácio. Natural de Arícia, cidade situada nas colinas albanas ao sul de Roma, Turnus representava a antiga nobreza latina que via com desconfiança a crescente hegemonia romana sobre a região.
Por volta de 535 a.C., quando Tarquínio já ostentava considerável autoridade entre a aristocracia latina, convocou uma reunião dos líderes regionais alegando necessidade de discutir problemas de interesse comum. Todos compareceram pontualmente ao local designado, mas o próprio convocador só apareceu ao final do dia, pouco antes do pôr-do-sol. Durante a ausência de Tarquínio, Turnus não hesitou em atacar publicamente a conduta do rei romano diante de todos os presentes, acusando-o de zombar do povo latino ao forçá-los a vir de tão longe e depois faltar à reunião que ele próprio havia convocado.
Quando Tarquínio finalmente chegou, desculpou-se com a explicação de que fora escolhido como árbitro de uma disputa entre pai e filho e que demorara por desejo de reconciliar os litigantes. Como o dia já findava, adiou a reunião para a manhã seguinte. Turnus, insatisfeito com a justificativa, replicou com agressividade: nada era mais fácil do que resolver uma disputa entre pai e filho — ou o filho obedece o pai, ou pior para ele. Com esse insulto direto, virou as costas e deixou a assembleia.
Tarquínio, ferido mais profundamente do que demonstrava, compreendeu que Turnus representava obstáculo aos seus planos de domínio sobre o Lácio. Naquela mesma noite, arquitetou uma cilada meticulosa: corrompeu um escravo de Turnus para que introduzisse secretamente grande quantidade de armas na residência do líder latino. Ao amanhecer, antes da reunião marcada, Tarquínio convocou os principais líderes latinos e, fingindo ter recebido notícias alarmantes, revelou que o atraso do dia anterior havia sido providencial — soubera que Turnus planejava eliminá-lo junto aos líderes mais proeminentes para apoderar-se do poder absoluto sobre os latinos. A agressividade de Turnus a respeito do atraso, argumentou, explicava-se pela frustração de ter seus planos desfeitos.
A acusação parecia plausível, mas carecia de provas. Assim, dirigiram-se à casa de Turnus, acordaram-no e mantiveram-no sob vigilância enquanto vasculhavam a residência. Das paredes e cantos retiraram as espadas que haviam sido plantadas na noite anterior. Turnus foi acorrentado sem sequer poder defender-se. Os próprios latinos, convencidos pela farsa engenhosamente construída, condenaram-no à morte. Foi afogado na nascente Ferrentina com uma grade coberta de pedras sobre a cabeça — execução que selava o destino de quem ousara desafiar abertamente a supremacia romana.
Com a eliminação de Turnus Erdonio, Tarquínio removeu a última voz significativa de oposição latina e consolidou definitivamente seu domínio sobre a região, demonstrando que não hesitaria em usar qualquer meio para alcançar seus objetivos políticos.