Alba Longa, c.771 a.C.
A origem de Rômulo e Remo remonta a uma disputa dinástica em Alba Longa. Os irmãos Numitori e Amúlio, descendentes da linhagem real albana, competiam pelo poder. Numitori, sendo o mais velho, ocupava legitimamente o trono quando foi violentamente deposto pelo irmão.
Tomado pela inveja e determinado a eliminar qualquer ameaça futura à usurpação, Amúlio executou sistematicamente os filhos homens de Numitori. Para anular a descendência feminina, nomeou Reia Sílvia, filha do irmão deposto, como sacerdotisa no templo de Vesta — consagração que implicava voto de virgindade e, portanto, impossibilidade de gerar herdeiros que pudessem reivindicar o trono.
O plano, contudo, fracassou. Réia Sílvia (provavelmente vítima de estupro) deu à luz gêmeos. Amúlio, ao descobrir o nascimento, ordenou que a sobrinha fosse encarcerada e os recém-nascidos, lançados no Tibre. Os executores da sentença deixaram os bebês nas águas do rio, que naquele período estava transbordando as margens.
Os gêmeos sobreviveram. Quando as águas recuaram, a cesta em que haviam sido abandonados ficou presa em terra firme, onde foram encontrados por Faustolo, pastor-chefe do rebanho real. Este recolheu as crianças e as criou como próprias, dando-lhes os nomes de Rômulo e Remo. Os meninos cresceram entre os pastores, desenvolvendo desde cedo habilidades de liderança e reputação por defender os companheiros contra os bandidos que assolavam a região.