Roma, 616 a.C.
Após a morte de Ancus Marcius, quando a assembleia popular para eleição do rei foi convocada, Tarquínio Prisco, aproveitando sua posição como tutor dos filhos de Ancus, enviou os jovens príncipes para uma caçada, removendo-os da cidade e eliminando assim os rivais mais óbvios ao trono. Com os herdeiros legítimos ausentes, o caminho ficava aberto para sua candidatura.
Diante da assembleia popular, Tarquínio pronunciou discurso cuidadosamente elaborado para conquistar o voto dos cidadãos. Argumentou não ser menos romano que qualquer um dos presentes: a parte da vida dedicada ao cumprimento dos deveres de cidadão (isto é, sua vida adulta inteira) ele havia escolhido passar em Roma, não em Tarquínia ou em sua cidade natal. Elencou seus méritos civis, militares e religiosos, além de seu máximo respeito e reverência pela pessoa do rei e suas qualidades de caráter.
O discurso teve efeito calculado. A estratégia funcionou e Tarquínio foi eleito quinto rei de Roma com amplo apoio popular, posteriormente ratificado pelo senado. Tornava-se assim o primeiro rei de origem não latina: etrusco por nascimento, mas romano por escolha e por mérito.