Tarquínia

Tarquínia

Período

c. 900 a.C. - 82 a.C.

Local
Eventos

Tarquínia (Tarchna em etrusco) situava-se a cerca de 100 km a noroeste de Roma, sobre uma colina calcária com vista privilegiada para o Mar Tirreno. A topografia elevada oferecia posição estratégica para vigilância e defesa, dominando o vale do rio Marta, via fluvial navegável que conectava o interior ao litoral. O território estendia-se da costa até o interior montanhoso, abrangendo área de aproximadamente 300 hectares protegida por muralhas de pedra tufácea com portões monumentais nas principais vias de acesso.

Bosques de carvalhos e castanheiros cobriam as colinas do interior, fornecendo madeira para construção naval e lenha. Nas planícies férteis cultivavam-se trigo, oliveiras e videiras que produziam vinho reputado no Mediterrâneo. A pecuária de ovelhas e gado bovino complementava a economia agrícola. A fauna incluía javalis nas florestas e aves migratórias que cruzavam a costa tirrena.

A economia repousava no comércio marítimo através do porto natural de Gravisca, onde atracavam navios gregos, fenícios e cartagineses. Tarquínia exportava produtos agrícolas, cerâmica de alta qualidade e metais trabalhados que alcançavam mercados distantes. A metalurgia local processava ferro e bronze extraídos das jazidas etruscas, produzindo armas, ferramentas e objetos decorativos. O artesanato especializado incluía afrescos murais e esculturas em terracota que ornamentavam templos e tumbas.

A cidade organizava-se sob governo aristocrático dos lucumones, título etrusco equivalente aos reis-sacerdotes. Esta elite vivia em mansões decoradas com afrescos elaborados que retratavam banquetes, danças e cenas mitológicas. No século VII-VI a.C., quando Tarquínio Prisco e Tanaquil deixaram a cidade rumo a Roma, Tarquínia alcançara seu apogeu político e econômico como uma das mais poderosas cidades-estado da Etrúria.

A sociedade distinguia-se pela sofisticação cultural. As necrópoles com tumbas ricamente ornamentadas revelam conhecimentos artísticos avançados e práticas funerárias complexas. A religião etrusca centrava-se no culto a Tinia (equivalente a Júpiter), Uni (Juno) e Menrva (Minerva). Rituais eram supervisionados por harúspices, sacerdotes especializados na leitura de presságios através de entranhas animais e interpretação de fenômenos naturais. Esta arte divinatória tornava os etruscos reverenciados em todo o Mediterrâneo, e muitos romanos, incluindo os próprios Tarquínios, recorriam aos sacerdotes etruscos para consultar os deuses em momentos decisivos.