Roma, c. 784 a.C.
Os pais das jovens sabinas raptadas não aceitaram a ofensa do rapto das sabinas. Enquanto os povos menores — caeninenses, antemnates e crustumini — atacaram precipitadamente e foram derrotados com facilidade pelo exército de Rômulo, os sabinos prepararam uma resposta mais calculada e perigosa.
Diferentemente dos outros povos, que haviam se lançado à guerra movidos pela ira imediata, os sabinos arquitetaram uma invasão silenciosa. Conseguiram subornar Tarpeia, uma vestal que guardava a cidadela romana. Na calada da noite, ela permitiu que as forças sabinas entrassem e ocupassem uma posição estratégica no Capitólio — o ponto mais elevado e defensável de Roma.
Ao amanhecer, quando os romanos descobriram a ocupação, a batalha irrompeu em condições desfavoráveis. Os sabinos dominavam o terreno elevado e combatiam com vantagem tática decisiva. As forças romanas sofriam pesadas baixas e a derrota parecia iminente. Muitos já consideravam a retirada quando Rômulo, em desespero, ergueu os braços ao céu e dirigiu súplicas a Júpiter, prometendo erguer um templo ao deus naquele mesmo local se os romanos conseguissem reverter a batalha.
Segundo a tradição, ao terminar a oração, Rômulo sentiu-se como se tivesse sido ouvido. Voltou-se para suas tropas e ordenou que parassem de recuar e retomassem a luta. Os romanos, reanimados pela intervenção religiosa do rei, voltaram ao combate com vigor renovado. A batalha permaneceu indecisa, com grandes perdas de ambos os lados, quando ocorreu um evento inesperado.
As mulheres sabinas, que observavam o conflito do qual eram causa involuntária, lançaram-se sob a chuva de projéteis para posicionar-se entre os dois exércitos. Imploraram aos pais que não manchassem as mãos com o sangue de seus genros, e aos maridos que não assassinassem seus sogros. Suplicaram que não deixassem a marca do parricídio nas crianças que traziam no ventre — filhos para uns, netos para outros.
A intervenção teve efeito imediato. Um silêncio súbito tomou conta do campo de batalha. Ambos os lados, comovidos pelo apelo das mulheres, depuseram as armas. Os comandantes de ambos os exércitos avançaram para negociar. Acordaram não apenas um tratado de paz, mas uma união completa dos dois povos. Os dois reinos se associaram, transferindo todo o poder de decisão a Roma. A população romana dobrou instantaneamente.
Para organizar a nova estrutura demográfica e política, Rômulo dividiu a população unificada em trinta Cúrias — uma para cada uma das mulheres sabinas raptadas, segundo alguns relatos. Esta divisão estabeleceu a base fundamental da organização cívica romana. Seguiram-se anos de paz e tranquilidade, durante os quais Roma consolidou sua posição como potência emergente no Lácio.