Túlia

Nascimento e Morte

c. 590 a.C. – 530 a.C.

Descrição
Feitos
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Túlia nasceu por volta de 590 a.C. no palácio real de Roma, filha de Servio Tullio, o sexto rei da cidade. Criada em meio ao esplendor da corte romana e educada nos privilégios da realeza, recebeu desde cedo tudo o que a posição paterna podia oferecer. Mas foi precisamente essa proximidade com o poder que forjou nela uma ambição desmedida e uma natureza implacável.

Quando atingiu idade para o casamento, seu pai, buscando consolidar a estabilidade dinástica, arranjou as núpcias de suas duas filhas com os dois filhos de Tarquínio Prisco: Arrunti e Lúcio Tarquínio (que ficaria conhecido como "o Soberbo"). A união visava garantir harmonia entre a linhagem de Servio e os descendentes do rei anterior. Túlia casou-se com Arrunti, enquanto sua irmã foi dada em matrimônio a Lúcio.

Túlia logo percebeu que seu marido Arrunti carecia completamente de ambição e iniciativa. Enquanto ela via no trono uma possibilidade concreta que deveria ser perseguida, ele contentava-se com a posição de príncipe sem aspirar ao poder supremo. Por outro lado, Lúcio Tarquínio, marido de sua irmã, demonstrava exatamente aquela audácia e sede de domínio que ela tanto valorizava. A afinidade mútua os aproximou inexoravelmente.

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Túlia passou então a encontrar-se secretamente com Lúcio, e juntos conspiraram para eliminar os próprios cônjuges. Foi ela quem instilou no coração do jovem a audácia desse projeto criminoso. Acusava o pai de conceder o reino a um homem que não havia lutado nem conquistado nada por mérito próprio, e dizia a Lúcio: "Se os deuses me tivessem dado o marido que eu merecia, em breve veria em minha própria casa a coroa que agora vejo na casa de meu pai."

As duas mortes — de Arrunti e da irmã de Túlia — sucederam-se rapidamente, abrindo caminho para o casamento entre os conspiradores. Após consumar essa união manchada de sangue, Túlia não podia esperar para completar seu plano. Tito Lívio diz que ela "sufocava o novo marido dia e noite" porque não queria que seus crimes anteriores resultassem em nada.

Sob essa pressão incessante, Lúcio logo começou a angariar apoio entre os senadores. Quando julgou chegado o momento, irrompeu no fórum com um grupo armado e assumiu o trono diante da Cúria. Servio Tullio, ao saber do golpe, correu até o local e confrontou o genro. Tarquínio, favorecido pela idade e vigor físico, agarrou o sogro e lançou-o pelas escadas abaixo. Ferido e ensanguentado, Servio tentou arrastar-se de volta ao palácio, mas foi alcançado e assassinado pelos sicários de Tarquínio.

Naquele momento, Túlia passava de carruagem pela via pública. O cocheiro, ao avistar o cadáver do rei abandonado no chão, parou os cavalos com um golpe. Túlia, vendo o corpo de seu próprio pai estendido na terra, não demonstrou o menor sinal de piedade ou horror. Pelo contrário, ordenou friamente ao cocheiro que seguisse em frente, fazendo a carruagem passar por cima do corpo paterno. Por isso, aquela rua guardou desde então o nome de Via do Crime — Sceleratum Vicum —, testemunho eterno do golpe que dera início à tirania em Roma.