c. 630 a.C. – 570 a.C.
Ocrísia era esposa de Tulli, máxima autoridade de Corniculo, cidade situada na região do Lácio. Pertencia à aristocracia local e vivia numa posição de destaque quando Tarquínio Prisco conquistou sua cidade durante suas campanhas de expansão territorial, por volta de 580 a.C.
Durante o cerco, Tulli foi morto defendendo Corniculo. Ocrísia, que estava grávida, foi levada a Roma junto com outras prisioneiras como cativa de guerra. Seu destino, contudo, seria diferente do das demais mulheres capturadas.
Tanaquil, a rainha de Roma, reconheceu em Ocrísia sinais inconfundíveis da nobreza e não apenas impediu que se tornasse escrava comum, como a acolheu no próprio palácio real. Ali, sob a proteção da rainha, Ocrísia deu à luz seu filho, que recebeu o nome de Servio Tullio.
Durante uma noite no palácio real, ocorreu um prodígio notável: muitos viram a cabeça do menino Servio envolta em chamas. A gritaria e o desespero para apagar o fogo acordaram todo o palácio e chamaram a atenção da família real. Tanaquil, contudo, interpretou o fenômeno como um presságio dos deuses a respeito do menino.
A rainha tomou o marido à parte e disse que aquele menino estava destinado a ser "luz nas trevas e apoio à casa real". Por isso, deveria ser tratado com distinção especial. A partir daquele momento, trataram Servio como um filho e o educaram nobremente. Quando Tarquínio teve que escolher um genro, deu ao jovem uma de suas filhas em casamento.
Ocrísia testemunhou a ascensão extraordinária de seu filho, que de criança nascida no cativeiro tornou-se membro da família real e, após o assassinato de Tarquínio pelos filhos de Ancus Marcius, viria a reinar sobre Roma como sexto rei da cidade.