c. 3000 - 1180 a.C.
Troia (Ἴλιον em grego, Wilusa em hitita) situava-se no noroeste da Ásia Menor, na entrada do estreito de Dardanelos, que separa a Europa da Ásia e conecta o Mar Egeu ao Mar de Mármara. A cidade ocupava uma colina estratégica de aproximadamente 200 metros de altitude, com vista privilegiada sobre a planície do rio Escamandro (atual Karamenderes) e seu afluente Simoente. Esta posição permitia controlar as rotas comerciais marítimas entre o Egeu e o Mar Negro, além das rotas terrestres que atravessavam a região.
O território troiano caracterizava-se por bosques de carvalho e pinheiro nas encostas da colina, enquanto a planície circundante era fértil e adequada para agricultura. A fauna incluía cavalos selvagens — pelos quais os troianos eram celebrados —, javalis, veados e abundantes aves migratórias que cruzavam o estreito sazonalmente.
A economia baseava-se no comércio marítimo, aproveitando a posição estratégica para cobrar tributos de navegadores, e na metalurgia do bronze, com oficinas que produziam armas e ferramentas de alta qualidade. A agricultura nas planícies férteis fornecia cereais, oliveiras e videiras, sustentando a população e gerando excedentes comerciais.
Troia era protegida por imponentes muralhas de pedra calcária, com torres defensivas e portões monumentais. A cidadela abrigava o palácio real, templos e residências da elite, enquanto edifícios públicos de pedra demonstravam técnicas arquitetônicas avançadas para a Idade do Bronze. A cidade era governada por uma dinastia real, com o rei Príamo sendo o último monarca durante a Guerra de Troia. A sociedade organizava-se hierarquicamente, com aristocracia guerreira, artesãos especializados e camponeses.
Os troianos cultuavam divindades tanto anatólias quanto gregas, com destaque para Apolo (protetor da cidade), Atena e deidades locais. Práticas religiosas incluíam sacrifícios e consultas oraculares, mesclando tradições orientais e helênicas. Destruída por volta de 1180 a.C. durante a Guerra de Troia, a cidade tornou-se o ponto de origem mítico da linhagem romana. O príncipe Eneias, fugindo com sobreviventes troianos, eventualmente chegou ao Lácio, estabelecendo a conexão ancestral celebrada por Tito Lívio e Virgílio. Esta ligação troiano-romana legitimava a grandeza de Roma através de origens heroicas e divinas.