c. 800 - 578 a.C.
Gabi (Gabii) situava-se cerca de 18 km a leste de Roma, estrategicamente posicionada na borda de uma antiga cratera vulcânica, atual lago Castiglione. A topografia caracterizava-se por uma elevação suave na encosta do cone vulcânico truncado, oferecendo posição defensiva e vista sobre a planície latina. O território beneficiava-se dos solos vulcânicos férteis, ricos em minerais que favoreciam o cultivo intensivo.
A vegetação incluía bosques de carvalho nas áreas não cultivadas e oliveiras nas encostas ensolaradas. A fauna local consistia em pequenos mamíferos e aves típicas do Lácio central. Os recursos hídricos provinham de nascentes alimentadas pelo antigo sistema vulcânico.
A economia repousava na agricultura e no comércio. Cereais e oliveiras cultivados nos solos vulcânicos constituíam a base da produção. Economicamente, Gabi destacava-se pela extração e processamento de tufo gabino, pedra vulcânica apreciada para construções em toda a região. Esta atividade gerava riqueza significativa e tornava a cidade um centro comercial na Via Prenestina, rota que conectava Roma às regiões orientais do Lácio.
A estrutura urbana era protegida por muralhas com perímetro de aproximadamente 7 km. O planejamento revela características notáveis: ruas organizadas em padrão quase ortogonal que acompanhavam a topografia da cratera, com via principal correspondendo ao trecho urbano da Via Gabina e vias secundárias perpendiculares delimitando quarteirões alongados. Este desenho representa uma anomalia no Lácio, onde cidades contemporâneas apresentavam traçados irregulares resultantes de crescimento orgânico.
A sociedade organizava-se sob governo oligárquico liderado por famílias nobres. A cidade mantinha importância religiosa através do templo de Juno, cujos rituais atraíam peregrinos de toda a região latina, consolidando Gabi como centro espiritual além de comercial.
Gabi ganhou notoriedade histórica pela conquista por Tarquínio o Soberbo através do estratagema das papoulas. Sexto Tarquínio infiltrou-se na cidade fingindo ter fugido da crueldade paterna, gradualmente conquistando confiança até receber comando militar. Consultando o pai sobre como proceder, Tarquínio o Soberbo apenas cortou as cabeças das papoulas mais altas em seu jardim. Compreendendo a mensagem, Sexto eliminou sistematicamente os líderes mais proeminentes, levando Gabi à submissão sem resistência militar. Após incorporação ao domínio romano, a cidade manteve autonomia religiosa, com o culto a Juno continuando a atrair fiéis mesmo após a queda da monarquia romana.