c. 1400 a.C. - 390 d.C.
Delfos situava-se nas encostas do monte Parnaso, na região da Fócida, Grécia central, a aproximadamente 600 metros acima do nível do mar. O santuário dominava o vale do Pleisto, com vista para o golfo de Corinto ao sul. A localização montanhosa, isolada e imponente contribuía para a atmosfera de sacralidade que envolvia o lugar.
O Templo de Apolo, centro do complexo religioso, foi reconstruído diversas vezes ao longo dos séculos. Na época da consulta dos enviados de Tarquínio (c. 510 a.C.), o templo estava em sua forma arcaica, com colunas dóricas e decorações que incluíam máximas como "Conhece-te a ti mesmo" inscritas no pórtico. Ali residia a Pítia, sacerdotisa que pronunciava os oráculos enquanto em transe, sentada sobre uma trípode acima de uma fenda na rocha de onde emanavam vapores.
O santuário funcionava como centro pan-helênico de consultas. Reis, generais e cidades-estado enviavam emissários com oferendas valiosas para consultar o oráculo sobre questões de guerra, fundação de colônias, legislação e sucessão dinástica. Os Jogos Píticos, realizados a cada quatro anos em honra a Apolo, atraíam competidores e peregrinos de toda a Hélade, consolidando Delfos como ponto de convergência cultural e religioso do mundo grego.
A influência de Delfos estendia-se para além das fronteiras helênicas. Líderes etruscos e, posteriormente, romanos reconheciam a autoridade do oráculo. A consulta dos filhos de Tarquínio ilustra como a aristocracia itálica buscava legitimação e orientação nas tradições religiosas gregas, refletindo os intensos contatos culturais entre os dois mundos no período arcaico.