c. 800 - 600 a.C.
Collatia situava-se a aproximadamente 16 km a leste de Roma, ocupando posição elevada entre os rios Aniene e Tibre. A topografia da região caracterizava-se por colinas suaves cobertas de vegetação mediterrânea, com vales férteis propícios à agricultura. O acesso privilegiado aos cursos d'água garantia irrigação constante das terras cultiváveis, enquanto a elevação natural oferecia vantagens defensivas.
A economia da cidade repousava na agricultura. Vinhas produziam vinho de qualidade mediana, oliveiras forneciam azeite para consumo local e exportação limitada, e campos de trigo alimentavam a população. Pastagens sustentavam rebanhos de ovinos, cuja lã abastecia a produção têxtil doméstica. O artesanato em cerâmica e metalurgia básica complementava as atividades econômicas, servindo principalmente ao mercado interno.
O perímetro urbano era protegido por muralha de pedra calcária, evidenciando preocupação defensiva típica dos assentamentos latinos do período. A cidade organizava-se em torno de um fórum modesto, onde se concentravam as atividades comerciais e judiciais. As habitações, construídas em pedra e madeira, distribuíam-se sem planejamento rígido pelas encostas. A vida religiosa centrava-se no culto a Juno, com um templo dedicado à deusa próximo ao centro cívico. Divindades domésticas recebiam veneração privada nos lararia familiares.
Sob domínio da dinastia Tarquínia no século VI a.C., Collatia era governada por um praetor local que administrava justiça e coordenava as obrigações militares devidas a Roma. Colatino, que ocupava esse cargo, pertencia à aristocracia local e mantinha vínculos estreitos com a elite romana. A cidade ganhou notoriedade histórica trágica ao tornar-se cenário do crime de Sexto Tarquínio contra Lucrécia, esposa de Colatino. Este evento, ocorrido em 509 a.C., desencadeou a revolta liderada por Lúcio Júnio Brutus que pôs fim à monarquia romana e estabeleceu a República.