Guerra contra Turno e os Rutuli

Lácio, c. 1180 a.C.

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O casamento entre Eneias e Lavínia selou a aliança entre troianos e latinos, consolidando a presença dos exilados de Troia no Lácio. Dessa união nasceu Ascânio. Eneias fundou então Lavinium, cidade que recebeu o nome de sua esposa, estabelecendo pela primeira vez morada fixa para seu povo após anos de errância pelo Mediterrâneo.

A aliança, contudo, provocou imediata oposição. Turno, rei dos rutuli, a quem Lavínia fora previamente prometida em casamento, sentiu-se lesado no direito matrimonial que lhe cabia. Invocando esse agravo, declarou guerra contra ambos os povos. Sua ação expressava também o temor compartilhado por muitas populações vizinhas diante da crescente influência troiana na região.

No primeiro confronto, as forças coligadas sob o comando de Eneias derrotaram os rutuli. A vitória, porém, custou caro: o rei Latino tombou em batalha, eliminando precisamente a autoridade que havia tornado possível a integração pacífica dos troianos ao território.

Temendo o fortalecimento excessivo dos recém-chegados, os etruscos decidiram intervir. Aliaram-se aos rutuli, formando uma coalizão de maior envergadura e capacidade militar que representava ameaça substancialmente mais grave.

Diante da nova configuração de forças, Eneias unificou todos os aliados sob comando único. Em homenagem ao rei caído, passou a designá-los coletivamente como "latinos" — gesto que não apenas honrava a memória de Latino, mas consolidava simbolicamente a fusão definitiva entre troianos e aborígenes numa identidade política comum.

A batalha decisiva foi renhida. Os latinos prevaleceram, mas a vitória novamente teve preço elevado: Eneias caiu em combate. Encerrava-se assim a trajetória do herói que, desde a queda de Troia, conduzira seu povo através do mar até a fundação de uma nova pátria no solo itálico.