Roma, c. 540 a.C.
Por volta de 540 a.C., uma conspiração destroçou a harmonia do palácio real em Roma.
Servio Tullio havia casado suas duas filhas com os dois filhos de Tarquínio Prisco. Mas os casamentos não uniram temperamentos compatíveis: Túlia, a filha mais ambiciosa, foi dada ao filho mais moderado, enquanto sua irmã de índole branda casou-se com Lúcio Tarquínio, o filho violento e audacioso.
Túlia desprezava o marido. Não conseguia aceitar que ele não tivesse ambição nem iniciativa. Admirava, porém, o cunhado Lúcio Tarquínio. A afinidade entre os dois cresceu até que passaram a encontrar-se secretamente.
Túlia então instilou em Lúcio a audácia do projeto: assassinariam os próprios cônjuges para poderem casar-se. Argumentava que seria melhor para ambos estarem livres do que presos a pessoas de nível inferior, incapazes de aspirar a algo maior. Dizia ao cunhado: "Se os deuses me tivessem dado o marido que eu merecia, em breve veria em minha própria casa a coroa que agora vejo na casa de meu pai" (Tito Lívio, Ab Urbe Condita). As duas mortes ocorreram em rápida sucessão. Logo em seguida, Túlia e Lúcio Tarquínio se casaram.
Após o primeiro assassinato, Túlia voltaria suas ambições contra o próprio pai. Tito Lívio diz que ela "sufocava o novo marido dia e noite, pressionando-o constantemente para que agissem, pois não queria que seus crimes anteriores resultassem em nada".